segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mapuches no Chile continuam a ser perseguidos/as pelo governo de Bachelet


Vozes de várias organizações, coletivos e setores da sociedade chilena denunciam a continuidade das perseguições políticas e crimes de Estado contra o povo mapuche, praticadas nesse governo atual, de Michele Bachelet. Esse governo tem sido comparado ao governo do ditador Pinochet, principalmente pela constante e impune violência policial (que inclui casos frequentes de tortura para arrancar confissões falsas) e ampla repressão direcionada às manifestações mapuches, incluindo aquelas em solidaridade.
No dia 18 de agosto, 7 presos/as políticos/as iniciaram uma greve de fome com o objetivo de nao serem tranferidos/as arbitrariamente para outras prisões, longe de suas familias e organizações. A greve foi acompanhada por outras pessoas solidárias a luta mapuche que acampavam fora do presidio El Manzano em Concepción e durou até o dia 4 de setembro, quando finalmente a tranferência foi suspensa.
A principal reinvindicação mapuche é a recuperação e auto-gestão de seus territórios ancestrais, em outras palavras, auto-determinação de seu povo - direito inclusive amplamente amparado por jurisprudência internacional (Declaracao sobre os Direitos dos Povos Indigenas, das Nacoes Unidas, Convencao 169 da OIT). Interessa mencionar que, em setembro de 2008, a presidenta Bachelet ratificou a convencao 169 da OIT, demanda historia do movimento indígena, que entraria em vigor dia 15 de setembro desse ano (2009).
A pesar disso, por meio de uma lei ?anti-terrorista? absurda herdada da ditadura de Pinochet, muitos/as mapuches foram presos/as e permanecem encarcerados/as. Dita lei faz parte do pacote para criminalizar movimentos sociais. Considera-se terrorista toda forma de resistência contra a ordem dominante, capitalista, neocolonial, branca, neoliberal e fascista, independentemente de se realiza atentados contra a população civil, como se define internacionalmente. É obvio que as organizações mapuches nunca estiveram envolvidas em nenhum atentado contra civis. Lideranças mapuches foram presas por participarem de protestos ou organizações indígenas que lutam por algo que lhes é devido, historicamente: suas terras.
Além da prisão, sao relatadas torturas policiais com o objetivo de arrancarem confissões diversas, em geral, de haverem agredido policiais, como é o caso do estudante Jonathan Huillical (24), que forma parte de uma rede de apoio a comunidades mapuche detido no dia 14 de abril.
No comeco de agosto (2009), Jaime Mendonza, ativista mapuche, foi assassinado pela policía com um tiro nas costas, na região de la Araucanía. O policial Miguel Jara Muñoz, responsável pelo tiro que matou Jaime foi liberado sob fiança pela corte marcial.
No dia internacional da mulher indígena (5 de setembro), policiais invadiram o territorio Trapilhue Mahuidache, a 15 quilômetros de Temuco, agrediram e prenderam as ñaña (mulheres mapuches) Inicha Curín, Clorinda y Bernardita Neculmán, Rita Ancao y Mercedes Loncón, entre as quais Inicha, de 85 anos de idade, foi golpeada e arrastada no chao.
É muito importante, que nesse momento, estejamos todos/as em alerta acompanhando as informações enviadas pelos meios de comunicação mapuches.


Retirado do CMI Brasil

Um comentário:

Cintia de Faria disse...

Saudações, minha iniação científica é justamente sobre os mapuches e suas relações (ou não relações) com o Estado Chileno.

Dou todo apoio a causa Mapuche.

Parabéns pelo post, e chega deste tratamento de terrorista aos Mapuches !

Abraços!