sábado, 26 de setembro de 2009

Zelaya retorna à Honduras e se refugia na embaixada brasileira


Na manhã desta segunda-feira (21/09), o presidente legítimo de Honduras Manuel Zelaya chegou em Tegucigalpa (capital), e está refugiado na embaixada brasileira. Zelaya viajou por 2 dias com 4 homens por terra, cruzando montanhas e rios até chegar na embaixada. No dia 28 de Junho Zelaya foi expulso do país pelos militares que estabeleceram uma ditadura violenta comandada pelo presidente golpista Micheletti, as forças armadas e a elite do país. Desde então o povo hondurenho vem manifestando todos os dias contra o golpe, que já contam com mais de 85 dias de protestos e resistência.

Na medida em que a notícia foi sendo confirmada e se espalhando, a populacão saiu às ruas e foi encontrar o presidente na embaixada brasileira. A Guarda Nacional cercou a embaixada tentando conter a manifestacão. À tarde já estavam cerca de 5 mil pessoas no local e pessoas de todos os lugares do país já estão a caminho. Zelaya pediu ao governo golpista que devolva o governo de forma pacífica. Durante todo o dia um helicóptero do servico secreto do governo golpista sobrevoou a embaixada e há um número grande de soldados e policiais que chegaram a reprimir a população em alguns momentos. NarcoNews, site de jornalismo investigativo com uma equipe de cobertura em Honduras desde os primeiros dias do golpe, noticiou que o sinal de celular e a conexão de internet foram cortados na capital durante parte da manhã.

Atualizações:: Na manhã desta terça-feira, a polícia e exército hondurenhos atacaram os manifestantes que estavam próximos à embaixada do Brasil. Os aeroportos de Honduras também foram fechados pelo governo golpista de Roberto Michelleti. O governo golpista cortou água e energia da embaixada e está impedindo a entrada de alimentos. Há relatos de pelo menos duas pessoas mortas, dezenas de feridos e presos.

O movimento de resistência contra o golpe, ao longo dos quase três meses de luta, cresceu e está indo além de exigir a volta de Zelaya. O movimento de resistência passou a ser um conjunto de sindicatos, movimentos e organizações de todo o país. Em suas assembléias já se colocam coisas além da queda de Micheletti e retorno de Zelaya, a começar por exigir uma Assembléia Constituinte. A ditadura de Micheleti parece ter despertado ainda mais a participação política. O povo adquiriu experiência organizativa e começam a se dar novas formas de organização independente dos partidos políticos existentes e com raízes nas bases da sociedade, o que garante sua permanência.

O Ministro de Relacões Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em seu discurso na Assembléia Geral da ONU, disse que "Esperamos que isso irá abrir uma nova etapa nas discussões e que uma solucão rápida, com base no direito constitucional, possa ser alcancada". De acordo com Amorim o presidente Zelaya pediu permissão para entrar na embaixada uma hora antes de sua chegada no local e que o Brasil não teve nenhum envolvimento com a forma em que o presidente ingressou no país."O presidente disse que chegou a Honduras por meios próprios e pacíficos", explicou Amorim.

Zelaya declarou que possui o apoio da ONU, OEA, de líderes de países da América Latina e também da União Européia. Uma reunião de emergência foi feita hoje pela OEA para elaborar uma proposta para a restituicão da democracia em Honduras.

Micheletti negou no começo do dia que Zelaya estava em Honduras. Em entrevista, ele declarou que Zelaya não estava em Honduras, mas sim em um hotel na Nicaragua. Depois de uma entrevista ao vivo por telefone, o canal de TV Telesur conseguiu imagens através de uma transmissão via internet de Zelaya na embaixada e saindo para comprimentar o povo, prova concreta de que o presidente está no país.


Fonte - CMI Brasil

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