quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tegucigalpa, 19 de outubro.


O presidente deposto Manuel Zelaya decidiu congelar o diálogo depois da última proposta da comissão do governo de Roberto Michelleti. É que os golpistas são experts em inventar maneiras de adiar o acordo para a restituição de Zelaya.


Tegucigalpa, 19 de outubro.

O presidente deposto Manuel Zelaya decidiu congelar o diálogo depois da última propsota da comissão do governo de Roberto Michelleti. É que os golpistas são experts em inventar maneiras de adiar o acordo para a restituição de Zelaya. Depois de um fim de semana de reflexão, os negociadores do governo de fato apareceram ontem à tarde com outra proposta sobre a mesa para alcançar (ou não) a restituição de Zelaya. Desta vez, propunham que o Congresso e a Corte Suprema de Justiça emitissem um informe que condicionasse a decisão final dos seis integrantes do Diálogo Guaymaras. E enquanto isso, se aproxima a data das eleições. A própria negociador da Comissão do governo de fato, Vilma Morales, não quis especificar os prazos para os informes estarem prontos.

A Comissão de Zelaya recusou esta proposta por ser um "insulto", como afirmou um de seus representantes, Victor Meza, em uma coletiva de imprensa. Meza explicou que o diálogo está "obstruído e estancado", e que não vão continuar com as negociações até que recebam uma oferta interessante, porque a de hoje era um "abuso contra a inteligência, pois não reconhece que houve um golpe de estado". Cabe lembrar que foi o Congresso que deu o golpe de estado, e que os 15 magistrados da Corte Suprema aprovaram por unanimidade a detenção de Zelaya.

Através de seus negociadores, o presidente deposto também fez um chamado à OEA para que volte a se pronunciar contra o governo de fato na reunião que haverá esta semana. Definitivamente, a restituição está em ponto morto.

A única diferença relativa às últimas semanas, é que a população hondurenha já pode acompanhar a cobertura por rádio e TV a partir de outra perspectiva. Quando se cumpria 3 semanas de seu fechamento, o canal 36 e a Radio Globo voltaram ao ar. No sábado, o decreto de suspensão de garantias constitucionais (que permitiu o fechamento das únicas emissoras críticas da capital) foi cancelado. Para a Frente de Resistência, se trata de uma "notícia muito boa", pois se recupera a capacidade convocatória e de concentração social, frente ao discurso único ao qual o resto da mídia local se alinha.

Entretanto, a volta "legal" das garantias constitucionais não significa o fim da repressão. Nessa manhã, centenas de pessoas compareceram ao enterro do líder sindical Jairo Sánchez, falecido na manhã de sábado depois de 24 dias entre a vida e a morte por causa de uma bala na cabeça disparada por um agente da DGNIC em uma mobilização da Resistência em seu bairro.

E enquanto Jairo se despedia, a resistência perdia outro companheiro. O professor Eliseo Hernández Juárez, do município de Santa Barbara, foi assassinado nesta manhã quando dispararam dois tiros de um carro em movimento. Hernández Juaréz era professor e membro ativo da Resistência em sua região. Além disso, estava na lista municipal do Partido Liberal. Com sua morte, já se somam 20 pessoas assassinadas pelas mãos da ditadura desde o golpe do dia 28 de junho.

URL:: http://chiapas.indymedia.org/article_170524

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