quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Sociedade" barra passeata nazista


Alertado por denúncia de leitor do DIÁRIO, Ministério Público proíbe ato no vão livre do Masp em homenagem a auxiliar de Hitler


Dani Costa
Denúncia do grupo "Movimento Anarcopunk", que se designa antifascista, levou o Ministério Público de São Paulo a proibir a realização de marcha de uma gangue que faz apologia ao nazismo. A passeata estava marcada para o dia 14 de agosto, às 16h, e partiria do vão livre do Masp, na Avenida Paulista, seguindo até a Praça Oswaldo Cruz, na Consolação.
O "Anarcopunk" registrou em dossiê como o grupo neonazista se organizava para a realização da passeata. O DIÁRIO também recebeu a denúncia e procurou o MP para conhecer suas providências. Alertado pelo jornal, o MP decidiu pela proibição.
A manifestação seria para lembrar os 23 anos de morte de Rudolf Hess, nazista que foi o principal auxiliar de Adolf Hitler durante toda sua trajetória até o governo alemão.
A Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de São Paulo interferu na organização da caminhada, pois fere o artigo 20 da lei 7.719/1989, que não permite propaganda com a suástica para divulgar o nazismo.
A caminhada estava sendo discutida em fóruns abertos em sites da internet. O principal site a agregar as informações sobre a passeata, era o da "Stormfront"
, uma comunidade que se diz nacionalista e defensora da causa dos brancos.

Os integrantes não se identificam nas mensagens de apoio ao movimento. Muitas delas sugerem como a marcha poderia ser feita sem que a polícia interferisse. "Favor não levar nada que cause problemas com as autoridades"
, dizia o panfleto exibido na internet.

Confrontos
O MP enviou ao prefeito Gilberto Kassab uma carta de recomendação para não autorizar a realização do ato público pois temia-se ocorrência de confrontação física. A Prefeitura informa não ter recebido soliticação a respeito.

"O Ministério não quer violar os direitos e liberdades de outros, mas é preciso ir contra aqueles que ferem as leis. Impedir uma reunião pública dessas, é uma maneira de coibir um possível confronto violento", analisou Adriana Galvão, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

O Comando Geral da Polícia Militar, a Guarda Civil Metropolitana, o Delegado Geral e os provedores de internet que mantêm no ar os sites que fazem apologia ao crime, também receberam recomendação do Ministério Público para não aceitar qualquer solicitação do movimento neonazista.

A reportagem do DIÁRIO enviou uma mensagem por e-mail para os organizadores da passeata para ouvi-los, mas não obteve resposta.

Essa é a segunda passeata proibida neste ano com concentração prevista para o vão livre do Masp. O MP também impediu a "Marcha da Maconha", que havia sido marcada para acontecer em fevereiro .

Grupos de skinheads  atacam gays, negros e judeusA Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) atua em São Paulo na identificação de grupos que se intitulam neonazistas, e atuam com violência contra negros, homossexuais, nordestinos e judeus. A pregação desses grupos é a da segregação, assim como ditava o nazismo.

Um caso recente de violência de neonazistas foi na Parada Gay de 2009, quando o grupo "Impacto Hooligan" jogou uma bomba caseira na Rua Vieira de Carvalho, tradicional reduto de bares gays. Mais de 40 pessoas ficaram feridas. A polícia prendeu sete pessoas envolvidas no crime, que teriam planejado o atentado uma semana antes.

No mesmo ano, foi assassinado o cozinheiro Marcelo Campos Barros, de 35 anos, que passava pela Praça da República após a Parada Gay. Ele foi agredido com pancadas na cabeça e morreu dias depois. Em 2007, no mesmo evento, o francês Gregor Erwan Landouar, de 35 anos, foi morto com uma facada no abdômen pelo punk Genésio Mariuzzi Filho, apelidado de Antrax. Ele se disse integrante da gangue "Devastação Punk", e que também tinha relações com o "Impacto Hooligan". A agressão ao francês foi justificada como "pura revolta".

Em maio de 2009, uma quadrilha de neonazistas foi desarticulada no Rio Grande do Sul.  Pelo menos 50 pessoas  planejavam atentados a sinagogas no país, inclusive em São Paulo.  Um dos grupos era o "Blood & Honor".
Fonte:
http://www.diariosp
.com.br/_conteudo/2010/07/3109-sociedade+barra+passeata+nazista.html

Nenhum comentário: