quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Presos políticos mapuche recusam a mesa de diálogo anunciada pelo governo

[Os mapuche rejeitaram ontem [segunda-feira], a mesa de diálogo anunciada pelo governo chileno e afirmaram que não vão parar a greve de fome que já passa de 72 dias.]
"A mesa é apenas uma manobra comunicacional do governo para convencer a opinião pública de que está disposto a conversar", disse a uma rádio local Rodrigo Curipán, porta-voz dos grevistas encarcerados na cidade de Angol. Os familiares dos 34 mapuche em greve de fome também se juntaram às críticas contra La Moneda [sede da Presidência da República do Chile]. "A oferta do governo não resolve nada", disparou Natividad Llanquileo, porta-voz dos presos que mantém o jejum na prisão de Concepcion. "O governo não nos convidou e, além disso, não estamos interessados, o que nos interessa é resolver a greve. Nós acreditamos que eles (o Executivo) estão brincando com a vida dos comuneros", acrescentou. "Eles vão definir a sua mesa de diálogo que não representa ninguém além de si mesmos. Além disso, eles estão interessados em confundir a opinião pública", reclamou Llanquileo.
Por seu lado, Eric Millán, porta-voz das famílias dos presos mapuche em Temuco, informou que o governo de Piñera tenta mostrar que o problema será resolvido. "Não temos recebido nenhuma chamada, por isso não vamos sentar à mesa", disse o porta-voz. Millán anunciou que o protesto vai continuar até as últimas conseqüências, se não houver a retirada das acusações contra os comuneros pelo cometimento de atos terroristas.
Durante as celebrações do bicentenário, o presidente chileno anunciou um diálogo amplo com as comunidades mapuche, que começaria hoje na cidade de Temuco. A promessa foi conversar e ouvir as reivindicações históricas dos povos indígenas em relação à posse da terra, cultura e integração social. No entanto, a oferta do presidente não inclui as organizações indígenas mais radicais ou representantes dos reclusos que estão em greve de fome há quase três meses. Os presos mapuche se consideram presos políticos e exigem que não lhes sejam aplicadas a chamada Lei Antiterrorista. Esse instrumento jurídico data da ditadura de Pinochet (1973-1990) e permite o duplo processamento nos tribunais civis e militares. 

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